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A LMT Consultores em História e Património realizou mais um estudo genealógico e biográfico sobre um titular oitocentista, área em que tem produzido diversos trabalhos.

Estes relatórios visam essencialmente dotar os actuais titulares de um documento histórico estruturado e fundamentado sobre o título que usam e os diversos titulares/representantes do mesmo.

Das raízes durienses – objecto de uma breve análise –, com passagem pela Invicta – onde o pai desempenhou cargos relevantes –, até ao estabelecimento na capital, foi traçado o percurso biográfico do primeiro titular, um rico capitalista agraciado inicialmente como o título nobiliárquico de barão e depois elevado à grandeza como conde. O seu casamento, já em Lisboa, e a família burguesa, igualmente em ascensão, a que se uniu, foram também objecto de análise.

A multiplicidade de fontes consultadas, nomeadamente imprensa, deu a conhecer muitos detalhes sobre as pessoas em estudo nos mais diversos aspectos, nomeadamente a respeito da intensa vida social da família no último quartel do século XIX. No palácio onde viviam tiveram lugar grandiosos bailes, que enchiam colunas do High Life nos periódicos, sendo os titulares, nomeadamente a primeira condessa, presença constante em diversos eventos.

Foi também possível entender, através de um extenso inventário com mais de 5000 fólios, todo o património – imóvel, móvel, acções, etc. – que o primeiro agraciado detinha à data da morte, e as partilhas entre os herdeiros. O relatório foi enriquecido com elementos iconográficos, como retratos, casas, jazigos, artes decorativas, etc.

No estudo realizado foram biografados os filhos do primeiro titular bem como os sucessivos representantes genealógicos do título e os respectivos cônjuges até ao presente.

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Imagens: gravuras representando um baile no palácio do titular em estudo e um retrato do mesmo.

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A LMT Consultores em História e Património concluiu recentemente um aprofundado estudo sobre o emblemático Palacete do Chafariz d'El-Rei, em Lisboa, bem como de um outro edifício quase adjacente, situado na rua de São João da Praça, numa colaboração com a Taylor's, proprietária dos imóveis, e com a Broadway Malyan, responsável pelo respectivo projecto de reabilitação e reconversão.

A existência de construções sobranceiras ao Chafariz d'El-Rei encontra-se documentada pelo menos desde a segunda metade do século XV, tendo os sucessivos edifícios que ali existiram sido ocupados por uma classe social progressivamente mais elevada que haveria de culminar com a configuração do espaço como palácio dos marqueses de Angeja, que o habitaram durante algumas gerações nos séculos XVII e XVIII.

Nesse período assistiu-se, aliás, ao facto dos dois imóveis estudados terem formado um único conjunto urbano pertencente aos referidos titulares, dando-se a particularidade de ambos constituírem dois corpos que se ligavam entre si por um ou vários passadiços, dando origem à designação de beco coberto atribuída àquela que é hoje a travessa do Chafariz d'El-Rei (solução idêntica à do antigo palácio Vila Flor, ali vizinho, onde ainda hoje são visíveis três dessas estruturas de ligação).

O terramoto de 1755 provocou danos irreparáveis em toda a zona e nos dois edifícios em particular, os quais nas décadas seguintes não foram objecto de recuperação significativa, transformando-se em pardieiros e pequenas habitações que acolheram os mais variados inquilinos e as mais diversas actividades.

O edifício da rua de São João da Praça terá sido objecto de uma intervenção de recuperação em meados do século XIX, o que lhe permitiu manter características construtivas pré-existentes, vindo porém depois disso a degradar-se sucessivamente ao ponto de se apresentar hoje como uma ruína, já sem os dois andares e as águas-furtadas que teve no passado.

Quanto ao imóvel sobre o Chafariz d'El-Rei, depois de algumas benfeitorias também introduzidas à roda de 1850-1860, que lhe atenuaram a ruína em que ficara pós-terramoto, foi objecto, entre 1907-1911, de uma reconstrução que o alterou significativamente, conferindo-lhe o gosto invulgar e ecléctico que actualmente conserva.

Destinado a instruir o competente processo de licenciamento, o relatório elaborado pela consultora em História e Património compreendeu também uma minuciosa descrição arquitectónica do conjunto, bem como a identificação dos principais valores patrimoniais e artísticos que o mesmo encerra.

O Palacete do Chafariz d'El-Rei está classificado como Monumento de Interesse Municipal e referenciado na Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico de Lisboa, encontrando-se também abrangido, juntamente com o imóvel adjacente, pela Zona Geral de Protecção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (classificados como Monumento Nacional) e pela Zona Especial de Protecção do Chafariz d'El-Rei, incluindo as estruturas hidráulicas conexas (classificados como Monumento de Interesse Público).

A operação de reabilitação e reconversão do Palacete do Chafariz d'El-Rei e do edifício adjacente contribuirá para a renovação urbana daquela área da cidade de Lisboa e para a respectiva dinamização económica e turística.

Chafariz IPA.00009599


Fotografias: o palacete do Chafariz d'El-Rei em finais do século XIX e no princípio do século XX.