LMT Consultores em História e Património investiga a biografia de um revolucionário (quase) anónimo da I república

LMT Consultores em História e Património investiga a biografia de um revolucionário (quase) anónimo da I república

A pedido de uma descendente, a LMT Consultores em História e Património realizou uma investigação biográfica sobre um revolucionário republicano, um dos muitos civis que participaram nas actividades para a implantação da república, em 5 de Outubro de 1910, e que continuaram, nos anos seguintes, a envolver-se nos múltiplos golpes e conjuras que marcaram os primeiros tempos do novo regime.

Os operários, quer fabris quer artesanais, os lojistas e os pequenos comerciantes constituíam a base de apoio dos republicanos, sobre os quais pontificavam próceres como Afonso Costa, António José de Almeida e outros, políticos com origens sociais e formação bem distintas do seu eleitorado. A república encontrava apoio essencialmente nas grandes cidades que, no início do século XX, eram Lisboa e o Porto, não tendo expressão significativa no resto do país.

Foi o caso do nosso biografado, filho de um tanoeiro e nascido no concelho de Loures, que ainda jovem se instalara na capital, onde exerceu a profissão de cortador – um talhante, como hoje se designa – num estabelecimento que abrira na freguesia de Arroios e em cujo interior se destacavam duas bancadas de pedra e um balcão de pinho, em cima do qual repousavam dois jogos de balanças, com as suas colunas, correntes e pratos – tudo de metal amarelo – bem como um conjunto de pesos. Várias ferragens próprias para pendurar carnes, um mosqueiro para as guardar, alguns cepos e uns quantos bancos completavam o rol do mobiliário existente nesse espaço, onde o revolucionário – entre fregueses e amigos – certamente discorria sobre os atribulados acontecimentos da época.

Aparentemente reconhecido como revolucionário civil por diploma legal, o jovem cortador, juntamente com um seu parente e homónimo, terá participado no 14 de Maio de 1915 – movimento republicano de feição radical que derrubou o governo de Pimenta de Castro e cujos distúrbios, em Lisboa, provocaram mais de 100 mortos e de 200 feridos. Veio a falecer no fulgor da idade adulta, com 43 anos, em 1922, sem chegar a conhecer o fim dessa I república para a qual, quase anonimamente, também dera o seu pequeno contributo.