LMT Abreu Loureiro, Correia de Matos e Galvão Teles elabora estudos heráldicos sobre duas magníficas peças de prata, a leiloar brevemente em Lisboa e Nova Iorque

LMT Abreu Loureiro, Correia de Matos e Galvão Teles elabora estudos heráldicos sobre duas magníficas peças de prata, a leiloar brevemente em Lisboa e Nova Iorque

Lourenço Correia de Matos, sócio da LMT Abreu Loureiro, Correia de Matos e Galvão Teles, produziu recentemente dois pequenos estudos heráldicos a respeito de duas exuberantes peças de prata – uma salva maneirista de vinte e quatro gomos e uma terrina francesa da transição dos séculos XIX para o XX – que serão brevemente leiloadas em Lisboa e Nova Iorque, respectivamente pela Cabral Moncada Leilões e pela Bonhams.

A salva portuguesa exibe uma decoração gravada com as armas dos Pereira de Brito, de Vila Viçosa, família a que pertenceu São João de Brito – escudo esquartelado com as armas de Pereira nos primeiro e quarto quartéis, de Sousa, do Prado, no segundo, e de Brito no terceiro, apresentando o timbre de Pereira, reduzido a uma cruz colocada entre o escudo e o coronel de nobreza. Estas armas são idênticas às existentes na sepultura de Pedro de Sousa de Brito, em Vila Viçosa, datada de 1622, onde a solução encontrada para o timbre (redução e colocação) é em tudo semelhante. Também no cemitério daquela localidade alentejana, no jazigo dos Sousa Meneses, existe uma pedra de armas tumular de José António de Sousa e Meneses Pereira de Brito e Morais, fidalgo cavaleiro da Casa Real, comendador de Santa Maria de Antime, da Carregosa e da Palmeira, na Ordem de Cristo, com armas idênticas mas com a sequência dos quartéis invertida, mais uma vez com uma solução semelhante para o timbre (redução e colocação).

A segunda peça que mereceu a análise de Lourenço Correia de Matos foi uma elegante terrina de sopa, com marca de Robert Linzeler, de Paris, datável dos finais do século XIX, princípios do XX, na qual foram aplicadas as armas de Duarte de Sousa Coutinho (1719-1799), bailio da Ordem de Malta. Nascido em Loures, onde foi baptizado no palácio de família a 24 de Setembro de 1719, Duarte de Sousa Coutinho veio a falecer a 15 de Junho de 1799. Admitido como cavaleiro da Ordem de São João de Jerusalém, ou de Malta, a 12 de Setembro de 1739, teve as comendas de Abreiro, Alvações, Fregim, Freixiel, Poiares e Vilarinhos dos Freires. Foi ainda bailio de Acre e Leça – sendo esta última localidade um dos mais importantes territórios daquela Ordem em Portugal – e depois recebedor e procurador-geral da mesma instituição no nosso país. Duarte de Sousa Coutinho era filho segundo de Luís Vitório de Sousa Coutinho da Mata, 6.º correio-mor do reino de Portugal, e de sua mulher D. Joana Catarina de Meneses. Era neto paterno de Duarte de Sousa Coutinho da Mata, 5.º correio-mor, e de sua mulher Isabella Caffaro, e materno de João Gonçalves da Câmara Coutinho e de sua mulher D. Luísa de Meneses (filha de D. Lourenço de Almada). Como filho segundo, Duarte de Sousa Coutinho usou armas dos seus quatro avós – Sousa, de Arronches (versão simplificada); Coutinho; Caffaro; Câmara e Almada –, usando ainda, sobre-o-todo, as armas da sua varonia – Mata – e estando o conjunto heráldico assente sobre uma cruz da mencionada Ordem de Malta e envolto num rosário com a mesma cruz pendente, como compete aos cavaleiros professos desta Religião.

A salva portuguesa tem um preço base de 7 mil euros e será leiloada em Lisboa, no próximo dia 2 de Março, pela Cabral Moncada Leilões, ao passo que a terrina francesa, marcada com uma base de licitação de 7.100 euros, será leiloada pela Bonhams, em Nova Iorque, no próximo dia 4 de Março.